quinta-feira, 2 de abril de 2009

Roteiro para elaborar um projeto

Dicas e orientações para transformar boas idéias em boas práticas. E um roteiro detalhado, em oito passos, para seu projeto

1 Por que elaborar projetos?

O termo projeto carrega o sentido de organizar idéias, pesquisar, analisar a realidade e desenhar uma proposta articulada com intencionalidade.

Os projetos sociais seguem essa lógica. São construções feitas por um grupo de pessoas que deseja transformar boas idéias em boas práticas. Tais projetos podem se transformar em ações exemplares que modificarão a realidade local.

Se, além de se constituírem em ações exemplares, os projetos se integrarem a ações de governo, municipais, estaduais ou da instância federal, poderão se replicar em escala maior, gerando, assim, políticas públicas cujos impactos para a coletividade serão maiores do que os projetos apenas locais.

Nos programas de governo, muitas vezes expostos em períodos de eleição, ouvimos candidatos e governantes dizerem que têm projetos para solucionar o problema do desemprego, da saúde, da educação etc. Em parte, isso é possível. Havendo um bom projeto, com recursos suficientes, bem monitorado e avaliado, vai se chegar aos objetivos preestabelecidos. Mas é preciso que o projeto seja bem elaborado, desde seus passos iniciais.

Nessas situações em que desejamos transformar insatisfação em solução, idéias em ações, boas intenções em propostas efetivas, sem desperdício de tempo e recursos, faz-se necessário elaborar um projeto que descreva o caminho a seguir. Caminho esse que deve ser trilhado com lógica e paixão.

2 Cuidados e recomendações

Durante o processo de elaboração de projetos, correm-se dois grandes riscos: o da onipotência e o da impotência.

Um grupo pode sentir-se onipotente quando se considera com possibilidade de transformar, sozinho, os problemas sociais existentes em um bairro ou cidade. É o perigo do voluntarismo.
Seu oposto é a impotência. Sabendo ser difícil ou mesmo impossível resolver, isoladamente, os problemas encontrados, o grupo julga não poder fazer nada e desiste de buscar soluções criativas.
Esses dois grandes riscos freqüentemente têm como raiz pelo menos três fatores. O primeiro deles é o diagnóstico superficial sobre o espaço e o contexto nos quais o grupo atua. O segundo reside na análise inconsistente da viabilidade social, política, técnica, financeira, ambiental ou cultural do projeto. O último, a má distribuição de papéis e responsabilidades, de modo a centralizar o poder em uma única pessoa ou a diluí-lo, dificultando a constituição de líderes.

Na prática, existem alguns problemas a ser superados quando se quer estabelecer resultados concretos e custos efetivos em projetos sociais que lidam com processos de melhoria das condições de vida e com a promoção dos direitos humanos. Para superá-los é necessário construir um caminho baseado em resultados ou metas, organizado no tempo planejado, executado e monitorado. Sobretudo, não se deve parar nas boas intenções, mas transformá-las em obras.

3 Sugestões para elaboração de projetos

Criar um projeto supõe dois importantes momentos:

1º Elaboração: O grupo deve realizar um bom diagnóstico sobre o contexto e a situação problemática que pretende enfrentar e analisar o seu potencial para, em seguida, construir o seu caminho. É preciso que todas as pessoas envolvidas participem diretamente na fase de elaboração, buscando criar uma visão ampla do problema a ser enfrentado e soluções criativas para a sua viabilidade.

2º Redação: Este é um momento de exercício de síntese do processo anterior. Nele, é melhor contar com poucas pessoas do grupo. Tudo o que foi produzido anteriormente será agrupado em um roteiro que demonstre, de modo objetivo, o que será realizado.

Oito passos para elaborar um projeto

1º passo: Definir qual grupo elabora o projeto. Determinado o grupo, se verificará com quantas pessoas será possível contar efetivamente para realizá-lo, ou seja, qual o poder real ou o “tamanho das pernas que o grupo tem”.

2º passo: Montar duas listas paralelas. Uma deve listar os problemas que o grupo pretende superar e outra apontar soluções. É imprescindível que os problemas sejam concretos e observáveis. Eles devem ser formulados com clareza. Por exemplo, na lista dos problemas deve constar: “Poucas alternativas de cultura e lazer para jovens da Vila Nova Cachoeirinha”. Na lista das soluções: “Alternativas de cultura e lazer acessíveis para jovens da Vila Nova Cachoeirinha”.

3º passo: Escolher o problema principal. Dentre todos os listados, o grupo deve saber por onde começar, escolhendo o problema principal a partir de vários critérios. Um deles é o impacto negativo que o problema causa para a comunidade ou escola. Outro critério é a capacidade do grupo para resolver o problema. Neste caso, pode ser que o grupo resolva iniciar o projeto justamente por aquele cuja solução seja mais fácil e rápida.

4º passo: Montar uma árvore com o problema escolhido, suas causas e conseqüências. As causas do problema estão no que o origina e o mantém, ou seja, estão em sua raiz. As conseqüências são os danos provocados. Perceber a diferença entre causas e efeitos ajuda o grupo a não gastar recursos financeiros e a não desperdiçar tempo apenas com as conseqüências.

5º passo: Definir objetivos gerais e específicos. Os resultados previstos devem conter indicadores, fatores de risco e um plano de ação, como mostram as descrições seguir:

1. Os objetivos específicos

São eles que representam a finalidade do projeto em questão. São degraus para chegar ao topo da escada, ao objetivo geral. Eles indicam o caminho a ser percorrido.

2. Resultados ou metas

São tangíveis e correspondem aos produtos finais de um conjunto de atividades em um certo período. Quantificam as atividades que serão desenvolvidas, bem como sua intensidade. Qualificam o jeito que pelo qual o projeto será realizado, os valores que o grupo quer imprimir. Exemplo: dez atividades (quantificar as atividades) de manejo sustentável (qualificar o tipo de manejo).

3. Indicadores para o monitoramento dos resultados

São os sinais de que o grupo está perseguindo os resultados a que se propôs.

4. Fatores de risco

São obstáculos com os quais o grupo deverá conviver, sejam eles políticos (um grupo poderoso pode estar contra o projeto), culturais (mentalidade de desperdício de recursos, preconceitos etc.) que fogem ao controle do grupo, mas podem dificultar a realização do projeto. Desenhar ações para minimizar esses fatores de risco.

5. Plano de ação

Descreve o que precisa ser feito para se chegar aos resultados pretendidos. Envolve o conjunto de ações, com os respectivos prazos, as pessoas responsáveis e os recursos necessários.

6º passo: Análise de viabilidade do projeto. Antes de colocar um projeto em prática, é preciso verificar se o grupo pode fazer o que propõe. Para isso é importante levar em consideração seis aspectos: a viabilidade econômica, social, política, técnica, ambiental, de gênero e étnico-cultural.

Viabilidade econômica

Considere o custo total do projeto. Verifique se a soma dos recursos de que dispõe mais o que poderá captar cobre os custos do projeto.

Viabilidade social

Analise os atores sociais envolvidos, indivíduos ou organizações que terão seus interesses afetados positiva ou negativamente pelo projeto.

Viabilidade política

Certifique-se de quais são as pessoas, os grupos e as instituições que apóiam o projeto. Se houver obstáculos políticos ou legais, preveja ações para superá-los.

Viabilidade técnica

Explicite as técnicas que serão utilizadas e considere se o grupo dispõe dessas tecnologias.

Viabilidade ambiental

Analise se o projeto agride o meio ambiente.

Viabilidade de gênero, étnica e cultural

Analise se há algum padrão cultural que pode dificultar a realização do projeto, seja ele na relação homem com mulher, relações étnico-raciais ou culturais.

7º passo: Cronograma de trabalho. Planeje uma data de início e término do projeto. Defina os meses em que acontecerão as atividades preparatórias, de execução, atividades de monitoramento e de avaliação.

8º passo: Orçamento detalhado das despesas. Calcule o custo da equipe de trabalho, a infra-estrutura e o material necessário. É sempre bom reservar recursos para gastos com despesas imprevistas.

Como fazer a redação do projeto

O projeto poderá ser sintetizado em cinco grandes itens:

1) Abertura
Nesta página devem constar o título do projeto (que expressa sua idéia central), o nome e a sigla da instituição proponente, a data e o endereço. E um resumo sobre: objetivo geral, objetivos específicos, resultados previstos, atividades, indicadores, beneficiários e custos.

2) Justificativa
Ressaltará a importância do projeto. Informará os problemas que o projeto resolverá no contexto em que está situado. Relacionará o problema aos âmbitos nacional, estadual e local. Demonstrará como as políticas públicas tratam esse problema. Caracterizará os beneficiários diretos e indiretos e grupos que têm interesses em relação ao projeto.

3) Metodologia e lógica da intervenção
Detalhará o objetivo geral, objetivo específico, resultados esperado, indicadores e o plano de ação. Também inclui a descrição das iniciativas que serão tomadas para monitorar e minimizar os fatores que podem pôr o projeto em risco.

4) Orçamento

5) Anexos
Podem ser considerados textos anexos o diagnóstico, as informações relevantes sobre o contexto em que se realizará o projeto e as informações adicionais sobre os proponentes do projeto.

Marcos José Pereira da Silva
Carta na Escola

Manual de apoio à elaboração de projetos culturais

Um projeto tem como objetivo transformar idéias e aspirações em ações concretas que possam aproveitar oportunidades, solucionar problemas, atender a necessidades ou satisfazer desejos.

Para isso, deve apresentar um conjunto de atividades programadas para acontecer num determinado período de tempo, com objetivos precisos, estratégias consistentes e indicadores coerentes para avaliar os resultados alcançados.

A realização de um espetáculo musical, a montagem de uma peça de teatro, a publicação de um livro ou a gravação de um filme são projetos culturais típicos. Porém, não são apenas as atividades ligadas à produção que definem um projeto cultural. Atividades que visam garantir o acesso e ampliar as práticas culturais da população também podem ser consideradas projetos em si, ou podem complementar projetos de produção. Nestes casos, por sua natureza, configuram-se como projetos de democratização cultural.
Etapas para a elaboração de um projeto cultural

O ponto de partida para elaborar um projeto de democratização cultural é a identificação de uma demanda ou oportunidade. A partir delas é que se estrutura o plano de ação. Esse processo pode ser facilitado e obter maior sucesso se for dividido em etapas. Cada etapa deve responder a questões específicas.

Abaixo segue um roteiro que pode ajudá-lo na elaboração de um projeto, com exemplos voltados à democratização cultural.

1. Título

Todo projeto deve ter um título que seja capaz de dar uma idéia concisa e clara da sua proposta. Um bom título orienta a construção do projeto. Porém, ele pode ser atualizado quando o projeto for concluído para que incorpore as mudanças e aprimoramentos que possam ter sido realizados ao longo do processo.

2. Descrição e Justificativa

Geralmente, inicia-se um projeto respondendo à seguinte questão:

Por que o projeto deve ser implementado?

Esse item deve esclarecer que o projeto responde a uma determinada demanda percebida e identificada pela pessoa, comunidade ou entidade que o empreende.

A sugestão é apresentar um diagnóstico que reúna elementos capazes de enfatizar a relevância dessa demanda, tais como: dados sobre a região e a população atendida, suas necessidades sociais, a acessibilidade a atividades culturais, os antecedentes e outros esforços já implementados.

As perguntas abaixo também podem ajudar a elaborar essa etapa:
  • Qual a importância dessa demanda/questão para a comunidade?
  • Que benefícios serão alcançados pelo público-alvo do projeto?
Em um projeto de democratização cultural, a demanda geralmente está na baixa incidência de práticas culturais entre a população, o que se mede pela escassez de equipamentos (teatros, cinemas, museus etc.), pela baixa acessibilidade a eles, pela oferta restrita de opções culturais na região, ou, simplesmente, pela falta de conhecimento e informação a respeito das opções ali presentes.

3. Objetivos

Ao se especificar o objetivo de um projeto, deve-se buscar respostas para as questões: para que? e para quem?

Os objetivos devem ser formulados visando especificar aquilo que se quer atingir a partir da realização do projeto, apresentando soluções para uma demanda ou respondendo a uma oportunidade.

Os objetivos podem ser classificados em dois níveis:
  • Objetivo geral: corresponde ao produto final pretendido pelo projeto.
    Deve expressar o que se quer alcançar no longo prazo, ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto. O projeto não pode ser visto como fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar um fim maior.
  • Objetivos específicos: correspondem às ações que se propõe executar
    e aos resultados esperados até o final do projeto.
Um projeto de democratização cultural tem por objetivo, no longo prazo, a formação de indivíduos - crianças, jovens e/ou adultos - mais aptos para a vida e para a construção de uma nova realidade. Seus objetivos específicos se concentram na realização das atividades propostas como meio para essa finalidade maior. Alguns exemplos são a realização de uma oficina de artes, a viabilização do acesso de uma determinada população a um espetáculo de dança, a capacitação de professores para atuarem como mediadores, entre muitos outros.

4. Metas

As metas detalham os objetivos específicos do projeto. Nesse sentido, devem ser concretas, expressando quantidades e qualidades que permitam avaliar, posteriormente, a efetividade do projeto.

Uma meta dimensionada de maneira coerente ajuda a definir os indicadores que permitirão, ao final do projeto, evidenciar o alcance da atuação. Em um projeto de democratização cultural, as metas podem definir, por exemplo, qual setor da população será atendido, quantas pessoas serão beneficiadas, por quanto tempo cada pessoa estará envolvida nas atividades, com que grau de participação, entre outros.

5. Metodologia

A metodologia de um projeto deve responder basicamente à seguinte questão:

Como o projeto vai alcançar seus objetivos? Nesse sentido, deve descrever as estratégias e técnicas que serão empregadas.

Em projetos de democratização cultural, várias estratégias podem ser adotadas, dentre elas:
  • Exibição, circulação, difusão e distribuição cultural: oferecer, facilitar e qualificar a fruição artística pelo público beneficiado.
  • Práticas culturais e sensibilização/educação artística: vivenciar o fazer artístico, seja por meio de oficinas, cursos ou outras atividades de caráter educativo.
  • Formação artística e capacitação de mediadores: formação e/ou profissionalização de futuros artistas, mediadores ou arte-educadores.
Além disso, a metodologia pode descrever de que maneira será a interação com o público beneficiado e como será a gestão do projeto.

6. Cronograma

O desenvolvimento do cronograma deve responder à pergunta: quando?
Todo projeto possui um prazo determinado para acontecer e apresenta algumas ações que se alternam ou se coordenam nesse período. A elaboração do cronograma visa organizar essas atividades em uma seqüência lógica e coerente que permita alcançar os resultados no prazo determinado.

7. Orçamento

A elaboração de um orçamento deve permitir a previsão e o controle dos gastos que o projeto terá. Nessa perspectiva, responde à questão: quanto?

O orçamento deve servir como um resumo financeiro do projeto no qual se indica quanto será gasto para sua realização e como. É uma ferramenta importante na gestão do projeto para o acompanhamento das despesas previstas e realizadas.

Geralmente, agrupam-se os custos em blocos de despesas: material de consumo; administração; equipe; serviços de terceiros; cachês; aluguel de espaço e equipamentos; alimentação e hospedagem; transporte; divulgação; instalações e infra-estrutura, entre outros. Isso facilita a organização e o controle dos gastos.

8. Mensuração de resultados

Um projeto coerente é aquele que estabelece indicadores para medir seus resultados. Os indicadores podem ser:
  • Quantitativos: consolidam números para avaliar o cumprimento das metas estabelecidas, a exemplo do número de comunidades atendidas, atividades realizadas, ou público dos espetáculos. Podem ser obtidos por meio da contabilização do número de pessoas beneficiadas, por exemplo.
  • Qualitativos: trazem uma análise em profundidade sobre algum aspecto, como a metodologia empregada, os conteúdos de uma atividade, entre outros. Tais dados podem ser obtidos por meio de pesquisas de opinião, entrevistas, questionários de avaliação etc.
Independentemente de serem qualitativos ou quantitativos, os indicadores devem sinalizar se as metas foram atingidas, além de permitir avaliar se a estratégia empregada foi bem sucedida, sinalizando quais pontos podem ser aprimorados.

Projetos sustentáveis

Para que um projeto seja sustentável, ou seja, aconteça da forma como foi planejado e atinja seus objetivos e metas, é preciso atentar aos seguintes aspectos:
  • Posicionamento: deve-se definir, com uma proposta clara, qual o foco de atuação do projeto. Um projeto com uma missão bem definida evita, desde o planejamento, crises provocadas pela dispersão de esforços.
  • Atuação: deve-se buscar sempre uma atuação de qualidade. Todos os detalhes devem ser planejados para que o projeto ocorra da melhor forma possível, sem imprevistos ou falhas que possam gerar uma má experiência do público participante.
  • Comunicação: o projeto deve ser conhecido pelos públicos que se quer atingir. De nada adianta uma ação exemplar se o público não fica sabendo da sua realização.
  • Equipe: deve-se contar com um número suficiente de pessoas para a realização das atividades, com qualificação e remuneração adequadas. Além dos próprios protagonistas da ação, é necessário pensar quem serão os responsáveis pela produção, comunicação,
    controle financeiro e do cronograma etc.
  • Recursos: a sustentação econômica do projeto deve ser baseada no planejamento para a obtenção de recursos junto às diferentes fontes de recursos disponíveis. Discutiremos a seguir as fontes de financiamento existentes.
Captação de recursos

Segundo Rosana Kisil*, “recursos são todos os bens, insumos e serviços utilizados na realização das atividades do projeto. Equipamentos, suprimentos, salários da equipe, benefícios trabalhistas dos funcionários, viagens, consultores externos etc”.

Captar significa reunir todos os tipos de recursos necessários para viabilizar o projeto: verba, produtos, serviços, trabalhos voluntários, entre outros.

Referência:
6 KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organizações da sociedade civil. São Paulo: Global, 2001.


Fontes de captação de recursos

Uma das maiores preocupações dos gestores de projetos culturais normalmente é sobre como e onde captar recursos. O primeiro passo é entender e identificar quais são as possíveis fontes de recursos disponíveis para projetos culturais. O ideal é combinar diversas fontes, evitando que seu projeto dependa de apenas uma delas. Segue aqui um descritivo das principais fontes a serem buscadas.

1. Governo

O investimento do poder público em cultura pode ser feito pela instância federal, estadual ou municipal. Cada uma delas tem mecanismos próprios de atuação.
  • A forma mais simples de o governo investir em cultura é quando ele mesmo abre um concurso ou edital para inscrição de projetos e premia aqueles que obtêm melhor avaliação com destinação direta de recursos. Nesses casos, o governo tem a chance de estabelecer, já no concurso, os critérios de avaliação que julga mais importantes e, assim, direcionar o investimento para o interesse público. Fique sempre atento a concursos e editais. Eles costumam ser divulgados nos grandes jornais, mas você também pode pesquisar no site do Ministério da Cultura e nos sites das secretarias de cultura do estado e do município onde você está.

  • Outra forma de investimento governamental bastante comum é a formação de convênios com organizações da sociedade civil. Isso acontece quando o poder público entende que alguma organização civil é capaz de exercer determinada função ou executar determinada ação de interesse coletivo. Então, ele repassa verba a essa organização para que ela realize o trabalho. Para formar um convênio, você precisa pertencer a uma organização e deve procurar os órgãos públicos do seu município, tais como a Secretaria de Cultura, a de Educação e o Conselho Tutelar.

  • A terceira forma de investimento público em cultura se dá por meio das leis de incentivo. Trata-se de uma legislação que permite a pessoas físicas e jurídicas repassar um percentual de seu imposto devido a projetos culturais que julguem interessantes. Assim, parte do que seria pago ao governo é destinado diretamente aos projetos, sem intermediação.

    A lei de incentivo de maior amplitude no País é a Lei Federal de Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet (1991). Essa lei permite que as empresas financiem até 100% do valor dos projetos selecionados, com até 4% do imposto de renda devido à União. No entanto, a fim de garantir a qualidade dos projetos beneficiados, só podem receber esses recursos projetos previamente aprovados por uma comissão técnica instituída pelo Ministério da Cultura.

    Para isso, o primeiro passo é inscrevê-lo nos programas de incentivo disponíveis e obter autorização para captação (informe-se a respeito nos sites do Ministério da Cultura e das secretarias municipal e estadual de onde estiver localizado). O segundo passo é apresentar o projeto para pessoas físicas e jurídicas que possam repassar ao projeto parte do imposto devido.
2. Indivíduos
Uma fonte possível de captação de recursos são os próprios indivíduos. Segundo pesquisa realizada em 1999, 50% da população adulta no Brasil faz doações individuais a instituições e projetos que considera relevantes (21% doa dinheiro e 29% doa apenas bens, em sua maioria alimentos)*. Um outro estudo nos mostra que, no mundo, em média 14% da verba total de uma organização sem fins lucrativos provém de doações individuais**.

Assim, o contribuinte individual é um doador importante. Sua motivação está relacionada à missão do projeto, à causa que ele defende. Muitas pessoas doam apenas quando solicitadas; outras doam anualmente; há ainda quem doe heranças e patrimônios inteiros.

O importante, para conseguir doadores, é encontrar pessoas que se identifiquem com a causa do projeto e convencê-las de que se trata de um bom projeto. Valorize e agradeça cada doação, mostrando ao doador que ele é um importante parceiro nas ações. Divulgue metas e resultados, mostrando que o dinheiro foi bem aplicado e qual foi o retorno do investimento. Assim, ele terá motivação para investir novamente. E, por fim, peça para os investidores fiéis ajudarem a obter novos doadores. O testemunho deles vale muito.

Referências:
* LANDIM, L.; SCALON, M. C. Doações e trabalho voluntário no Brasil - uma pesquisa. Rio de Janeiro: Ed. 7 Letras, 2000.
** SALAMON, Lester e outros. Global Civil Society: dimensions of the nonprofit sector. Baltimore: Johns Hopkins Center for Civil Society Studies. 1997.


A captação com indivíduos também pode ser dar por meio de eventos e apresentações públicas em que as pessoas compram um ingresso para assistir a um espetáculo ou participar de uma festa promovida pelo projeto ou instituição. Nesse caso, lembre-se sempre que a democratização cultural está associada à gratuidade. Se for necessário cobrar ingressos, pratique preços acessíveis ao seu público.

3. Fundações e agências

Existem no mundo algumas organizações cujo objetivo é distribuir recursos para projetos e instituições que considerem importantes. Elas apóiam ações buscando gerar resultados e benefícios públicos. O financiamento é feito normalmente durante um período determinado (geralmente de um a três anos). Espera-se que, nesse período, a entidade ou projeto apoiado encontre outras formas de se manter, tornando-se auto-sustentável.

Existem três tipos de fundações: as de empresas, as de famílias e as de comunidades. Já as agências internacionais normalmente são responsáveis por destinar recursos de países mais desenvolvidos para aqueles em processo de desenvolvimento. Nesse caso, interessam especialmente as ONGs e grupos de interesse (tais como sindicatos internacionais ou associações) que destinam recursos a projetos comunitários menores em países em desenvolvimento. Normalmente, agências e fundações atuam em torno de uma causa específica e em uma região determinada. Antes de procurá-las, cabe descobrir se:
  • Há alinhamento entre essa causa e a missão do seu projeto
  • A região foco de atuação desta organização é a região onde o seu projeto ou instituição está localizado
  • A organização apenas realiza projetos próprios ou se também destina recursos a iniciativas de terceiros
4. Geração de renda própria
A geração de renda própria é também uma das formas comuns de obtenção de recursos. Ela pode ser implementada com a oferta de produtos e serviços oferecidos pela organização. Bons exemplos são a venda de camisetas e brindes do projeto, artesanato, comida ou, ainda, por meio de cursos e outros serviços que possam ser oferecidos. Convênios com Governo por meio dos quais a instituição ou ONG fornece um serviço que é contratado pelo poder público também são considerados uma forma de geração de renda própria.

A grande vantagem é a autonomia: com recursos próprios não é necessário depender de terceiros. O importante, nesse caso, é ter bons produtos e serviços que possam ser oferecidos. O risco é haver uma distorção na missão do projeto. Gerar renda própria não deve se tornar o objetivo principal do projeto, mas contribuir para que se atinjam os objetivos originais.

5. Parcerias e articulações
Uma das fontes de captação mais simples e eficientes são as parcerias. Para realizar um projeto, não é preciso fazer tudo sozinho e nem criar soluções que já existem. Pode-se contatar pessoas e organizações que auxiliem nesse processo.

O primeiro passo é buscar parcerias nas localidades onde o projeto acontece. Identifique pessoas ou organizações que:
  • Tenham objetivos semelhantes aos do seu projeto
  • Tenham púbicos semelhantes aos do seu projeto
  • Ocupem espaços próximos ou similares aos do seu projeto
Procure essas pessoas. Discuta com elas os problemas que tem enfrentado e proponha ações conjuntas que beneficiem as duas partes. A palavra de ordem aqui é cooperação. Numa parceria, a idéia é que todas as partes saiam ganhando.

Um passo um pouco mais ambicioso é buscar organizações que desenvolvam grandes projetos na mesma área do seu, ainda que não atuem na sua região. Essa busca pode ser feita de várias maneiras: a partir de relacionamentos com outras pessoas (contatos com órgãos públicos e ONGs, por exemplo), participação em eventos importantes da sua área de atuação, busca em sites especializados, participação em fóruns na internet etc.

Tem sido comum as organizações se articularem em torno daquilo que se chama rede. Falamos em rede porque diferentes organizações se conectam em torno de objetivos comuns, entrelaçando-se. Essas articulações servem para trocar informações, compartilhar experiências e atuar na busca conjunta de soluções para problemas sociais de âmbito local, nacional ou global.

Com o desenvolvimento tecnológico e a possibilidade de comunicação via internet, as redes ganharam força. Aproveite a chance e os benefícios de se comunicar com pessoas que fazem a mesma coisa que você em qualquer lugar do País e do mundo!

6. Patrocínios empresariais

Outra fonte de captação bastante comum é o patrocínio empresarial. Muitas empresas patrocinam projetos, por meio de financiamento direto ou de permuta.

Permuta é uma forma de apoio em que a empresa não fornece dinheiro, mas sim produtos ou serviços em troca de visibilidade para a sua marca no projeto. Uma tecelagem, por exemplo, pode oferecer tecidos para o figurino de uma peça e, como contrapartida, ter seu nome no material de divulgação. Ou uma gráfica, que oferece a impressão de convites em troca de ter sua marca exibida ao lado do palco em uma apresentação de música.

Financiamento direto é quando a empresa investe dinheiro no projeto e o realizador pode geri-lo conforme o planejado, comprando de terceiros os produtos e serviços necessários. O financiamento direto também se dá em troca de visibilidade para a marca e outras contrapartidas que podem ser acordadas entre as partes.

O patrocínio empresarial pode ser feito com recursos próprios (quando a empresa destina parte de seu orçamento ao apoio de projetos) ou incentivados (quando os recursos são provenientes de parte do imposto devido, o que é viabilizado pelas leis de incentivo). Para a destinação de recursos incentivados é necessário que o projeto tenha sido autorizado a captar recursos pelo Governo.

Fatores valorizados pelas empresas na escolha de projetos

Abaixo seguem algumas perguntas que podem ajudá-lo a preparar seu projeto para a apresentação a uma empresa, destacando pontos relevantes para os patrocinadores.

Como o meu projeto pode ajudar a construir uma reputação cidadã para a marca da empresa?

Uma série de fatores de mercado tem levado as empresas a buscar a associação de suas marcas a ações de interesse público.

O primeiro deles é a necessidade de encontrar formas de comunicação que chamem atenção em meio à enxurrada de informações que as pessoas recebem todos os dias pela TV, internet, rádio, meios impressos etc. O outro é a preocupação cada vez maior que as empresas têm para com o bem da sociedade.

O patrocínio a ações de interesse coletivo (como projetos culturais e sociais) que associem uma empresa a uma postura ética e participativa na sociedade é uma forma de comunicação que diferencia a marca e ajuda a construir uma reputação cidadã. Enfatize sempre essas características no seu projeto.

Por que o investimento em cultura será um canal diferenciado para o meu patrocinador?

Por mais que o investimento em cultura seja crescente e muitas empresas estejam começando a praticá-lo, a iniciativa ainda é surpreendente e vista como positiva pela população. Além disso, o investimento em cultura normalmente é associado a uma série de qualidades que nem sempre as empresas conseguem transmitir com a propaganda: responsabilidade social, excelência, emoção,
beleza etc.

Um projeto será sempre mais interessante para uma empresa se for inovador, pois aumenta o grau de diferenciação do patrocínio. Valorize os diferenciais e as características de inovação do seu projeto.

Por que o patrocínio ao meu projeto é um canal de comunicação mais efetivo para a empresa “falar” com seus públicos?

Quando uma empresa escolhe um projeto a ser patrocinado, está sempre atenta ao público que poderá ser atingido com essa ação, seja diretamente ou por meio das ações de comunicação. O que a empresa busca não é “falar” com todos os públicos possíveis, mas com segmentos específicos que a interessam. O importante é que haja uma aproximação real da marca com esse seguimento de público.

Dessa maneira, a empresa sempre analisará o projeto em relação ao potencial que ele oferece para gerar oportunidades de relacionamento e comunicação com públicos de interesse (funcionários, clientes, consumidores, comunidade do entorno etc.). Uma fábrica, por exemplo, pode querer falar com as pessoas que vivem nas suas proximidades. Nesse sentido, um projeto que atenda a essa comunidade por meio de atividades culturais passa a ser interessante para ela. Já uma outra empresa pode querer falar com pessoas que valorizam a ação cultural, mas que não são beneficiadas diretamente por ela - um grupo de artistas ou a imprensa, por exemplo. Nesse caso, utilizam-se as ações que comunicam o projeto para atingir essas pessoas.

Quando for apresentar seu projeto para uma empresa, destaque com quais públicos ela se relacionará diretamente e apresente quais serão as ações e peças de comunicação realizadas e para quais públicos serão dirigidas.

Na formatação do projeto para apresentar a uma empresa, procure ser objetivo e sintético. Ilustre a apresentação com imagens e insira a marca de seu potencial patrocinador.

Utilize um roteiro lógico, como aquele apresentado no capítulo anterior, procurando enfatizar os pontos de maior relevância para a tomada de decisão da empresa.
Fique atento:
  1. Ao comportamento das empresas com relação aos patrocínios. Muitas empresas já investem em cultura e algumas determinam um foco para esse investimento. Analise o foco e veja se seu projeto está alinhado a ele. Se não houver alinhamento, procure outras empresas. O ajuste entre os objetivos do projeto e os objetivos da empresa é fundamental.
  2. Às matérias que saem na mídia sobre a empresa. Quanto mais informações for possível reunir, mais chances você tem de avaliar se seu projeto está adequado ou não a essa empresa.
  3. Aos processos adotados para a seleção de projetos pela empresa:
    • Seleção pública: a empresa seleciona projetos por meio de edital. Nele, as inscrições são realizadas pelos próprios proponentes. Os editais normalmente são divulgados na mídia. Os patrocinadores não costumam atender aos proponentes, a fim de garantir que todos os candidatos tenham as mesmas chances.
    • Seleção dirigida: os projetos são identificados pelo patrocinador por meio de prospecção, de acordo com critérios préestabelecidos. Nesse caso, o importante é ter um bom projeto e torná-lo conhecido.
    • Escolha direta: a empresa recebe vários projetos e seleciona aqueles que atendam aos critérios definidos por ela. Pesquise quais são as portas de entrada e envie seu projeto à empresa. Procure marcar uma reunião pois a presença do proponente facilita a empatia e possibilita que as dúvidas do patrocinador sejam esclarecidas.
  4. Ao período do ano em que você apresentará o projeto. As empresas possuem períodos específicos para preparar o orçamento do ano seguinte. Uma proposta de patrocínio pode ser descartada por chegar uma semana atrasada.

    Em geral, o melhor período de abordagem às empresas é no segundo semestre do ano, por volta do mês de setembro, quando estão sendo definidos os investimentos do ano seguinte.
Contrapartidas

Quando levar um projeto a uma empresa, é fundamental apresentar um plano de contrapartidas. Contrapartida é aquilo que o projeto oferece à empresa em troca do patrocínio. As contrapartidas vão desde a exposição da marca em materiais de comunicação até uma cota de ingressos para as apresentações, ou um espaço exclusivo para venda de produtos em um evento.

O grande objetivo de um plano de contrapartidas é apresentar ao patrocinador a visibilidade e as oportunidades de comunicação e relacionamento que o projeto pode oferecer a ele. Para isso, o ideal é identificar e avaliar todas as ações e peças de comunicação em que o nome do patrocinador poderá aparecer, assim como as possibilidades que ele terá de se beneficiar a partir do projeto patrocinado, seja convidando clientes e funcionários para a participação, seja promovendo parte do evento dentro da empresa e assim por diante. A marca sempre deve estar em destaque para que o patrocinador se sinta atraído pela contrapartida.

Um conjunto de contrapartidas deve estar sempre associado a uma cota de patrocínio.

Plano de cotas

Uma das perguntas que você pode ouvir na apresentação de seu projeto a uma empresa é quais são as cotas de patrocínio previstas e quais os valores e contrapartidas previstos em cada uma delas.

O que é uma cota de patrocínio?

Quando um projeto pretende ter mais de um patrocinador, é preciso regulamentar a participação que cada um deles terá no projeto. Isso deve ser diretamente proporcional ao valor do patrocínio: quanto maiores os recursos disponibilizados, maiores devem ser as contrapartidas. Marcas que investem mais devem ter benefícios maiores.

A delimitação e a valoração de um conjunto de contrapartidas compõem o que se chama de cota de patrocínio.
Costuma ser uma grande preocupação das empresas que, logo na proposta
de patrocínio, fique claro qual o montante que devem investir e as alternativas possíveis para os benefícios.

As cotas devem ser adequadas ao porte da empresa e ao grau de interesse dela no patrocínio. Algumas delas, por exemplo, sempre exigem ser as patrocinadoras principais de um projeto. Antes de fazer uma abordagem, procure descobrir como a empresa se comporta em relação ao patrocínio. Não se deve mostrar todas as opções de cotas, mas sim a cota que seja a mais adequada àquela empresa.

Ter um bom plano de cotas também ajuda os realizadores. De início, permite que se planeje o número de patrocinadores necessários para a execução do projeto. Garante também que o projeto não dependa de um único patrocinador: caso algum desista, existem outros patrocinadores e, eventualmente, você poderá até revender a cota abandonada.

Para montar seu plano, faça contas e simulações até chegar à melhor definição.

Perguntas que podem orientar a elaboração de um plano de cotas:

  • Será que uma única marca pode investir todo o montante necessário ao projeto ou é necessário mais de um patrocinador?
  • Quantos patrocinadores são necessários?
  • Quanto cada patrocinador precisa investir?
  • Dentre os possíveis patrocinadores, algum tem maior poder de investimento? Quanto ele poderia investir?
  • Para cada cota criada, quais as contrapartidas que podem ser oferecidas?
  • Como diferenciar na comunicação do projeto as diferentes marcas patrocinadoras e as diferentes cotas?
Formulários de inscrição

Muitas empresas, principalmente aquelas que realizam seleção pública, exigem um formato padrão para apresentação de projetos. Isso se dá por meio de um formulário. Nesses casos, você não terá a chance de defender seu projeto presencialmente. Quando isso acontecer, redobre a atenção com a redação e com a adequação do projeto ao foco da empresa. Leia o formulário antes de preencher. Certifique-se de que você compreendeu exatamente o que cada campo solicita e, em caso de dúvidas, não hesite em contatar o serviço de suporte da empresa. Só depois comece a preenchê-lo de forma técnica, sucinta e objetiva. Não seja repetitivo, prolixo ou enaltecedor das ações do patrocinador.

Incentivos fiscais: legislações federal, estaduais e municipais

Como vimos, uma das formas de financiamento público à cultura são as leis de incentivo. Porém, trata-se de uma forma peculiar, pois quem escolhe o projeto a ser patrocinado é a empresa ou a pessoa que destinará os recursos.

O projeto passa por dois tipos de avaliação:
  • Pelo órgão público: Ministério da Cultura ou secretarias que autorizam que o projeto capte recursos.
  • Pela fonte patrocinadora: empresa ou pessoa física que destinará ao projeto parte de seu imposto devido.
Já apresentamos os processos relacionados às fontes de financiamento. Falta, agora observar como se dá o processo de aprovação nos órgãos públicos.

Existem leis de incentivo fiscal em municípios, estados e na federação. Você deve procurar se informar sobre todas elas a fim de compreender quais podem beneficiar o seu projeto e os procedimentos requeridos para que isso aconteça.

As leis municipais se referem à isenção de impostos arrecadados pelas prefeituras, como o ISS e o IPTU, por exemplo. Normalmente, são voltadas a projetos que atuam em âmbito municipal e que trazem algum benefício à cultura local.


As leis estaduais normalmente atuam sobre o ICMS. Ações que valorizam a cultura da região ou que projetam o estado para outras regiões do País, por exemplo, são diretrizes adotadas em alguns estados.

As leis federais, mais utilizadas, destinam-se a projetos de relevância nacional, que atendam às principais demandas culturais da população brasileira como um todo.

Lei Rouanet

O MinC abriu debate público para discutir as novas regras para a Lei Rouanet. Visite o Blog do Minc.

Democratização Cultural

ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO CULTURAIS

Workshop para elaboração de Projetos Culturais

Ponto de partida


Perguntas norteadoras: O que é o projeto (o que se pretende fazer)? Por que foi pensado e proposto (importância do projeto)? Quem o desenvolverá (principais envolvidos e suas funções)? Como será realizado? Quando e onde? Quanto custará? Como será divulgado?
Tenha o cuidado de escrever no máximo 01 página para cada item, com texto sempre claro e objetivo.

ÍTENS DE UM PROJETO

Apresentação

Na apresentação é preciso descrever o objeto do projeto.
Atenção: O objeto é, em última instância, uma “ação ou atividade cultural” e, por isso, acontece em um lugar, em determinado período, é realizado por uma pessoa ou um grupo de pessoas, por determinadas razões, podendo estar associado a conceitos ou a movimentos artístico-culturais tradicionais ou contemporâneos.
Como fazer: A apresentação ou descrição é uma síntese do projeto. Comece com um histórico do projeto (da ação ou atividade a ser realizada), descreva como surgiu a idéia de realizá-lo, qual a sua importância, número de pessoas envolvidas, principais objetivos, a qual público se destina e, finalmente, em que período e local ocorrerá.

Justificativa

Na justificativa devem ser apresentadas as razões para a realização do projeto.

Atenção: Além de explicitar as razões pelas quais se tomou a iniciativa de realizar o projeto proposto, é preciso enfatizar quais circunstâncias favorecem a sua execução, o justificam e o diferenciam, e também quais suas contribuições para o desenvolvimento cultural do público ao qual se destina ou da localidade/região na qual se insere.
Como fazer: Este é o momento de convencimento da importância do projeto e da capacidade do proponente em realizá-lo. Cuidado para não se perder em detalhes que não estão diretamente vinculados ao projeto, dê ênfase aos seus principais atributos. Lembre-se que o projeto deve ser justificado culturalmente. Fale dos seus principais atributos tais como: sua criatividade, contemporaneidade, tradição, irreverência, popularidade, entre outros.

Objetivos

Os objetivos devem expor os resultados que se pretende atingir, os produtos finais a serem elaborados, benefícios da ação ou atividade cultural proposta, se possível a curto, médio e longo prazo.
Atenção: Um projeto pode ter mais de um objetivo, geralmente tem-se um objetivo geral e outros específicos (decomposição do geral), mencione todos, tendo o cuidado de formular objetivos específicos que contribuam para o alcance do objetivo geral e que, também, possibilitem verificação do cumprimento do projeto.
Como fazer: Faça um pequeno parágrafo com o objetivo geral e organize em tópicos os específicos. Os objetivos devem iniciar com um verbo, ser claros e sucintos.

Público alvo

Identifique, em tópicos, o(s) público(s) ao qual o projeto se destina, presumindo, sempre que possível, uma quantidade direta e indireta do público a ser atingido.
Atenção: As características do projeto ou mesmo a trajetória do proponente podem já ter ou indicar um determinado público, que já possua um envolvimento com a ação ou atividade cultural proposta ou, ao contrário, a desconheça ou não tenha acesso e possa dela se beneficiar de alguma forma.
Como fazer: Alguns aspectos podem auxiliar na definição do público: onde o projeto será desenvolvido, a linguagem a que se refere (artes visuais, dança, musica, teatro, etc), sua proposta (experimental, popular, massiva, erudita, etc), entre outros.
Se o proponente conhecer seu público pode ainda detalhar aspectos como faixa etária, área de atuação, condições de vida, etc.

Resultados previstos

Apresentar os resultados a serem atingidos pelo projeto, os benefícios produzidos a partir da sua realização.
Atenção: Os resultados devem ser mensuráveis e revelar o alcance dos objetivos específicos.
Se possível apresentar dados quantitativos, como: número de espetáculos ou mostras, público atingido, cidades abrangidas, etc.
Como fazer: Volte ao item “objetivos” e tente traduzi-lo em resultados práticos ou produtos, que possam ser vistos ou experimentados. Busque resultados para cada objetivo específico, analisando os que, de fato, são viáveis de se concretizarem.

Estratégia de Ação

A estratégia de ação, ou memorial descritivo, ou base operacional, explica como o projeto será realizado, detalhando suas etapas.
Atenção: A estratégia de ação irá demonstrar a proximidade que o proponente possui com a linguagem do projeto e com a produção cultural. Este item deve apresentar uma coerência com o orçamento e com o cronograma.
Como fazer: Para elaborar a estratégia de ação volte aos itens “objetivos” e “resultados previstos” e liste todas as atividades que serão necessárias para atingi-los. Ordene as ações por etapa de realização e preveja o tempo de duração de cada uma. Liste também os profissionais envolvidas em cada etapa.

Cronograma

O cronograma situa no tempo as ações ou procedimentos necessários para a realização do projeto. Deve ser apresentado em forma de tabela, por itens e não em texto.
Atenção: Algumas ações são comuns a vários projetos, como: reserva do local de realização do projeto, impressão das peças gráficas, divulgação, inscrições, ensaios, montagem, estréia, pagamento de serviços e profissionais, prestação de contas, entre outros.
Em algumas ocasiões os editais e mecanismos de financiamento indicam um período de execução, o que significa que não se pode propor um cronograma que o extrapole.
Como fazer: O cronograma é conseqüência da “estratégia de ação”. Desenhe uma tabela contendo as etapas do projeto e seu período de execução (semana, quinzena ou mês).
O cronograma geralmente está dividido em pré-produção, produção e pós-produção, que significam, respectivamente, o momento prévio da execução do projeto, a sua execução de fato e o momento posterior.

Orçamento
O orçamento deve indicar todos os recursos financeiros necessários à execução do projeto, com valores unitários e totais.

Atenção: A maioria dos editais possui uma cota limite de financiamento. Caso o projeto extrapole o valor determinado, deverá comprovar a existência de outras fontes de financiamento. Neste caso, divida os totais em valor solicitado ao edital e valor total do projeto.
Como fazer: O orçamento também deve ser apresentado em forma de tabela, por itens e não em texto. Sugere-se que o orçamento pelo menos indique: item, valor unitário, quantidade e valor total. O valor total do projeto é a multiplicação de todos os itens anteriores.
Remeta-se às ações indicadas no cronograma e veja quais gastos estão implícitos em cada uma delas. Geralmente os projetos prevêem recursos para: pessoal e serviços; infra-estrutura e montagem; material de consumo; material gráfico; custos administrativos; comunicação e divulgação; impostos e taxas.

Plano de contrapartida
Deve indicar, com precisão, ações e atividades culturais a serem realizadas pelo proponente e demais envolvidos no projeto a título de contrapartida social.

Atenção: As ações e/ou atividades culturais indicadas devem estar articuladas com o projeto proposto e com as diretrizes da política cultural da instância a qual o projeto solicita financiamento.

Toda ação ou atividade cultural incide em um contexto econômico, social e político. Por esta razão, o proponente deverá pensar em como atuar neste contexto, tendo como princípio o compromisso cidadão.

Como fazer: Considere o público alvo indicado e proponha ações ou atividades que estimulem a participação do mesmo no projeto proposto ou que complementem ou potencializem os seus resultados.

Outras informações e Anexos

Fique atento a outras informações e anexos que podem ser solicitados.

Plano de Comunicação: indicar em quais veículos de comunicação o projeto será divulgado. Em outras palavras, o plano irá apresentar a publicidade, marketing e assessoria de imprensa do projeto. É possível formular um plano de comunicação alternativo, mais barato e eficiente se o proponente conhecer o seu público.

Plano de Cotas: quando o proponente estiver adaptando o seu projeto para a captação de recursos, deverá indicar cotas de patrocínio para que a empresa possa escolher. As cotas são níveis hierárquicos de parcerias: patrocínio, co-patrocínio, apoio, promoção, colaboração, etc. Para cada cota determine um custo e uma divulgação da marca diferenciados.

Ficha técnica: número de profissionais envolvidos, com respectivas funções.

Currículo: resumido do proponente e dos principais envolvidos no projeto, com ênfase na área cultural. É interessante ressaltar a experiência do proponente em temas relacionados aos editais, quando for o caso.

Carta de anuência: comprovando a participação dos profissionais envolvidos indicados na ficha técnica.

Material gráfico: folders, matérias de jornal, dvd’s, entre outros materiais que indiquem outros projetos do proponente.

EXERCÍCIO

Se junte a um grupo de pessoas que tenham experiência ou interesse na mesma área cultural que você – música, teatro, dança, artes visuais, literatura ou cultura popular. O grupo deve escolher um “projeto” para elaborar (pode ser um “projeto” que já exista ou o grupo pode criar um novo). Veja as possibilidades de atuação do seu projeto na tabela a seguir.

Sugestões
• Defina, em conjunto com seu grupo, quem será o artista (vai criar o projeto), o produtor (vai elaborar a parte conceitual), o administrador (vai elaborar o orçamento) e o responsável pela comunicação (vai pensar nas melhores formas de divulgar o projeto).
• Trabalhe a partir de uma idéia simples, de preferência em uma única área cultural, com um único produto – isso facilitará o entendimento do processo de elaboração.

ITENS DE UM PROJETO

Apresentação
• O que é o projeto?
• Qual sua missão?
• Quando e onde será realizado?
• Quem são os principais envolvidos e quais suas funções?
• Qual o público-alvo?

Justificativa
Em que contexto se insere?
Qual sua importância/oportunidade neste contexto?
Por que foi pensado e proposto?
Qual seu histórico?
Qual a experiência do proponente?
Qual o diferencial do projeto?
Já foram desenvolvidas outras ações para este público pelo proponente?

Objetivos
Que impacto se pretende causar com este projeto?
Que ações se pretende realizar para alcançar este impacto?

Público alvo
Onde vive?
Qual escolaridade?
Qual idade?
Qual gênero e classe social?
Qual sua relação com o projeto?
Qual estimativa da quantidade de público?

Resultados previstos
Quais serão as metas para cada um dos objetivos?
Quais são os benefícios culturais, sociais e econômicos?

Estratégia de ação
Qual a programação do projeto?
Como ele será realizado? Existem etapas distintas? Quais?
Quem são os responsáveis por cada etapa?

Cronograma
Quais ações culturais do projeto?
Como elas se dividem nas etapas?
Qual o período de cada etapa?

Orçamento
Qual o custo de cada etapa do cronograma?
Quais são as fontes previstas?
Quanto será solicitado a cada fonte?
Qual o valor total do projeto?

Plano de contrapartida
Quais são as contrapartidas?
Como serão realizadas?
Quando e onde?

Fundação Cultural da Bahia.

Produtores, caso tenham dúvidas com os projetos de vocês, é só entrar em contato.

Como elaborar um Projeto Cultural

1- Identificação do Projeto: Título - Segmento Cultural - Período de Realização e Local

Título é o nome do projeto, deve ser curto, claro e objetivo, os títulos de projetos em continuação devem ter a edição identificada.
Segmento Cultural pede-se a especificação dos segmentos artísticos envolvidos (p. ex.: dança, circo, música instrumental, museu de rua, artesanato, edição de livros, CDs, etc.); enquadrando-os no art. 5º da Lei nº.10.846/96.
Período de realização são as datas previstas para o início e o final da execução do projeto (dia e mês se possível).
Locais de realização trata das salas, teatros, espaços de execução do projeto em cada município envolvido. Município é (são) o(s) município(s) no(s) qual(is) se realizará(ão).

2- Identificação do Produtor: Proponente

Pessoa Física responsável é o dirigente a que assina, perante o Sistema Lic, pelos Produtores Culturais pessoa Jurídica ou o Produtor Cultural Pessoa Física, quando este é proponente. As demais informações sobre o proponente devem ser apresentadas de acordo com a sua categoria no CEPC: pessoa física, prefeitura ou demais pessoas jurídicas. Segmento Cultural apontar a(s) área(s) cultural(is) de atuação do Produtor Proponente, de acordo com seu Cadastro Estadual de Produtor Cultural (CEPC).

3- Outros Participantes ou Responsáveis

Neste item, devem ser identificados os co-produtores que possuam direitos patrimoniais no projeto. Se for um outro produtor cadastrado, indicar o número do CEPC. Deve ser anexado o contrato de co-produção onde estão especificados os direitos de cada parte.

4- Equipe Principal do Projeto

Identificar os componentes da equipe principal do projeto, sem os quais o projeto não seria exeqüível, sejam eles empresas prestadoras de serviço ou profissionais, indicando sua área de atuação no projeto. ex.: F. Montenegro/atriz; Empresa Lux/iluminação.

5- Resumo e Justificativa do Projeto

1) Apresentar uma Sinopse do projeto – resumo (máximo 10 linhas) do que propõe realizar o projeto.
2) Justificar a importância do projeto cultural apresentado. Seja em relação ao desenvolvimento cultural do Estado salientando os benefícios que o projeto trará para a produção e difusão de bens e serviços culturais no RS, suas características intrínsecas de originalidade, inovação estética, excelência, qualidade. Seja quanto à importância para a sociedade, referindo-se ao modo como o projeto trata de dar resposta a questões como memória, patrimônio simbólico, a democratização do acesso à cultura, a integração com outros agentes e criadores, a proximidade com seus públicos, a oferta de alternativas qualificadas de lazer, etc. Seja nas razões de escolha do financiamento pelo Sistema Lic, justificando os motivos porque o projeto precisa incentivo.

6- Objetivos e Metas

Identificar as motivações filosóficas do projeto, apontando os resultados esperados com a sua realização. ex: Promover o acesso às técnicas circenses por parte de públicos não tradicionais; difundir manifestações culturais de origens étnicas e regionais. Obs.:
Metas são objetivos quantificáveis que permitam a avaliação do projeto ao seu final: ações a desenvolver, bens culturais a produzir, público a mobilizar, etc. ex.: meta: “oficinas de malabarismo”; unidade de medida: “oficinas”; quantidade: “22”; meta: “edição de livro”; unidade de medida: “exemplares”; quantidade: “2.000”; meta: “exposição fotográfica”; unidade de medida: “exposições” ou “eventos”; quantidade: “20”.

7- Estratégia

No item Metodologia, descrever os meios e ações que se pretende desenvolver para realizar as metas e alcançar os objetivos. Apresentar as etapas do projeto e as ações correspondentes com as datas de início e fim previstas para cada uma delas. Trata-se, aqui, de planejar o modo de desenvolvimento do projeto. Observações Complementares são esclarecimentos adicionais que sejam necessários para o entendimento da estratégia

8- Contrapartida pelo Benefício

Neste item deve constar a quantificação da parte dos bens culturais permanentes, espetáculos, quotas de ingressos, exemplares de livros, CDs, vídeos, apresentações gratuitas ou outros, que serão repassados à SEDAC para acervo e outras políticas públicas de cultura.

9- Plano Básico de Divulgação

Devem ser indicado, neste item, as peças gráficas ou o veículo de comunicação das peças audiovisuais, com o tamanho ou duração e a quantidade previstas para cada peça.

10- Orçamento

O orçamento deve ser apresentado em planilha padrão que se constituirá em um anexo obrigatório. Apontar os itens de despesa, com a quantificação de custos, de acordo com as planilhas fornecidas pela SEDAC. Os itens (rubricas) constantes nas planilhas de custo são sugestões. Uns poderão ser desprezados e acrescidos outros, conforme as necessidades do projeto

11- Financiamento

Identificar as fontes de financiamento do projeto com o valor da participação de cada uma delas e o percentual sobre o total do projeto. Os projetos que produzirem bens ou serviços comercializáveis devem fazer constar a previsão das receitas com a venda de ingressos, CDs, livros, CD-ROMs, etc.

12- Anexos

Devem ser anexados todos os documentos (orçamentos) e informações que o proponente considere essenciais para a compreensão e avaliação do projeto, sendo obrigatórios, para cada área cultural, os relacionados em instrumento anexo a este formulário-modelo.
Termo de Responsabilidade e Compromisso

13- FOLHA – RESUMO

Resumo das metas - Resumo do Orçamento
Apresentar esta Folha-Resumo com um original e 24 cópias, deve ser preenchida com dados copiados do corpo do projeto e planilha de custo

Movimento Tradicionalista Gaúcho

Objetivo do BLOG

Unir num só espaço todas as informações, dicas e cursos sobre elaboração de Projetos Culturais.
A indicação da fonte virá no final do post.

Prepare seu próprio Projeto Cultural e nós o apoiaremos na realização.

Colaborações são bem-vindas!